Entrevista | Carlos Felipe de Carvalho, CEO da Carvalho Hosken
A Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, é um bairro tão completo que já fez até plebiscito para tentar virar cidade. Tem de tudo: praia, montanhas, lagoas, metrô, shoppings estruturantes e imóveis de alto luxo. E tem a Carvalho Hosken. Em 70 anos, a construtora já lançou mais de 25 mil imóveis na região sob a batuta do fundador, Carlos Carvalho. O “doutor Carlos”, aos 97 anos, acaba de se transferir da Presidência para o Conselho Consultivo.
Aos 43 anos, o filho Carlos Felipe de Carvalho assume o comando da empresa quando o Rio, a Barra e a Carvalho Hosken tentam superar a depressão pós-Olimpíada, um desafio e tanto! Na primeira entrevista como presidente, ele aponta a privatização dos serviços de água e esgoto como um “novo petróleo” e diz que o pós-pandemia será de valorização de áreas com espaço para moradias confortáveis, como a Barra da Tijuca. A previsão faz sentido: somente de janeiro a novembro deste ano foram lançados mais de 800 empreendimentos no bairro.
Quais os planos para o futuro da Carvalho Hosken?
Carlos Felipe de Carvalho —
Há muitos anos, quando o mercado investia em Niterói por causa da ponte, a Carvalho Hosken apostou na tendência de crescimento para essa região vista como veraneio, quase rural. O futuro da empresa continuará na Barra, onde temos ainda muito a fazer, concluir os bairros planejados, avançar em residências no Centro Metropolitano, onde ficam o shopping e o Hotel Hilton. O Ilha Pura prevê sete condomínios, já construímos três com 1,2 mil apartamentos, e falta vender uns 350. Imagino comercializar todos os três mil apartamentos em sete ou oito anos. É um bairro planejado, ancorado em um parque central de 75 mil metros quadrados. Tem até potencial turístico, com a dança das águas de quase 12 metros de altura inspirada no hotel Bellagio de Las Vegas. No Rio 2, lançaremos no próximo ano mil unidades, completando as oito mil previstas. No Península, hoje mais destinado à alta renda, temos 12 torres para produzir, estamos com nove em gestação e três lançadas. Um grupo francês, líder em residência de alta renda para a terceira idade, comprou áreas no Península e no Rio 2. São serviços que agregam muito a esses locais.
Qual é a importância dos bairros planejados dentro da cidade?
Nesses bairros, o morador paga, além do condomínio, uma pequena taxa de manutenção do bairro, entre R$ 300 e R$ 450 por mês. Isso agrega paisagismo, limpeza, segurança, transporte, libera o poder público de gastar em policiamento, recolhimento do lixo etc. Se somarmos Península, Ilha Pura, Rio 2, Cidade Jardim e Centro Metropolitano, temos uma contribuição anual de R$ 120 milhões na organização dos espaços comuns. As pessoas contribuem felizes porque veem o retorno.
A Olimpíada provocou uma euforia no Rio e, em seguida, uma grande frustração. A Carvalho Hosken tinha projetos no coração dos Jogos. Como foi superar momentos tão intensos?
Foi um desafio enorme encarar a realização daquele desejo nacional de sediar os Jogos. Da crise iniciada em 2014 até 2016, o Rio respirou um pouco por causa dos Jogos, mas depois veio a depressão forte. Começamos a recuperar em 2019, veio a Covid. Foram mais quatro meses de estagnação até entender para onde o mercado ia seguir — e foi uma migração da Zona Sul e de outros bairros da Zona Norte para os espaços generosos da Barra, com mais lazer e segurança. A sorte do Ilha Pura é ter imóveis construídos para os atletas paralímpicos, com portas e corredores largos, características boas para este momento de valorização do espaço. Antes, era o contrário, as pessoas procuravam imóveis menores para não ter muito trabalho.
Essa transformação é definitiva?
Acredito que seja. É inconcebível pegar a ponte aérea para cada reunião, as pessoas vão fazer o que puderem por vídeo. Nossa empresa dá um dia de home office para todos. Uma família que ficava dois dias longe do trabalho já está passando quatro na segunda casa. Isso fica.
Além da Barra da Tijuca, que outras regiões do Rio de Janeiro podem ter valorização dos ativos como consequência da despoluição de rios e da Baía de Guanabara?
A despoluição de rios, lagos e lagoas do estado, além da própria Baía de Guanabara, irá beneficiar não só o setor imobiliário como todos que vivem às suas margens. Será também um benefício para a Barra da Tijuca, que tem um dos mais belos complexos lagunares do estado. A despoluição das lagoas será importante para toda a Zona Oeste, a Zona Sul e a Baixada Fluminense, o que significa que todos os ativos inseridos nessas áreas deverão ser valorizados. A privatização dos serviços da Cedae é de importância inestimável, os compromissos assumidos pelas novas empresas são uma revolução. O Rio achou um novo petróleo.
O Ilha Pura foi o primeiro bairro a receber o selo LEED do Green Building Council Brasil. Quais são os principais entraves para o avanço da sustentabilidade na construção civil?
A busca por um modelo de construção sustentável tem sido um grande desafio para as empresas do setor. Responder às exigências da sociedade por edifícios que causem menos impactos ao ambiente requer grandes investimentos, domínio da tecnologia e profissionais qualificados. Assim como a Carvalho Hosken utiliza várias soluções socioambientais em seus bairros planejados, os demais players do mercado também estão trabalhando com esse foco. Acredito ser uma questão de tempo para que todos estejam construindo empreendimentos mais sustentáveis.
Fonte: Valor Econômico
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